Ciência

Tem Ciência no circo


Por Juliana Ravelli - Do Diário do Grande ABC



"Hoje tem palhaçada? Tem, sim senhor! Hoje tem Química e Física?" Espera aí. Você deve estar lembrando que o antigo verso não é bem assim. Mas saiba que a frase realmente tem tudo a ver com o circo. Isso porque a Ciência está mais presente nos números circenses do que a gente imagina. Os cuspidores de fogo, por exemplo, usam parafina (ou outra substância) para realizar uma combustão, reação química entre combustível e gás que libera calor e luz.

O equilibrista anda sobre o cabo de aço com a ajuda de um fenômeno físico. Já notou que costuma segurar uma barra comprida nas mãos? Quanto maior e mais envergada para baixo, mais fácil será manter o equilíbrio. Isso acontece porque o objeto deixa o centro de gravidade (ponto de equilíbrio) do corpo mais próximo do cabo, impedindo que caia.

O malabarista tem de ficar esperto com a força da gravidade (que puxa tudo em direção ao centro da Terra) para não permitir que as bolinhas caiam. Sabe que, quando joga o objeto para cima, ele sobe até que a gravidade o pare por pouquíssimo tempo e o atraia de novo para o chão. Quanto mais forte mandá-lo para o alto, mais demora para voltar.

É conhecendo bem esses tempos e o peso dos objetos que o artista consegue lidar com vários deles. Além disso, as características das claves (tipo de malabares que lembram os pinos de boliche)facilitam o manuseio. Como são pesados numa extremidade e leves no cabo, podem girar rapidamente sem alterar demais o centro de gravidade.

O curioso é que, em geral, os artistas fazem tudo automaticamente, sem estudar de verdade as teorias científicas. No entanto, isso não os impede de transmitir o conhecimento para quem queira aprender a arte.

Colaborou Bruna Gonçalves

Saiba mais
O Dia do Circo é celebrado em 27 de março. A data foi escolhida na década de 1970 para homenagear um dos maiores artistas dos picadeiros brasileiros: o palhaço Piolin (1897-1973). Seu nome verdadeiro era Abelardo Pinto. Nasceu no circo que pertencia aos pais, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Além das palhaçadas, tinha habilidade com acrobacia e equilibrismo.

Além de ilusionista, Étienne-Gaspard Robert (1763-1837), da Bélgica, era físico. Conhecido como Robertson, desenvolveu o fantascópio. É uma lanterna especial sobre rodinhas com a capacidade de projetar fantasmagorias - imagens luminosas que lembram fantasmas - por meio de ilusões de ótica.

Consultoria do professor Pierluigi Piazzi, físico e escritor, Karina Lupetti, diretora do Núcleo Ouroboros de Divulgação Científica da Ufscar, de Célio Amino, ilusionista e físico, e Viviane Tapia, diretora da Associação Cultural e Educacional Circense Tapias Voadores.